segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Saudade

Sentado no sofá, vendo um programa de televisão ao qual não me recordo, em uma manhã de domingo, e aqueles pensamentos que surgem como se tivessem vida própria, que de fato tem pois surgem do nada e tomam conta de todos os sentidos de forma sobre natural, tomaram conta de mim, talvez essa seja a causa de não me recordar do programa, lembrei dos tempos de infância, e de tudo que fez dos primeiros 18 anos de vida infinitos, todos os turbilhões de historias infantis me fizeram rir sozinho, olhar para o nada como se ali existisse um novo mundo, que existia realmente ou que existiu. Veio-me a mente todas as pessoas, a escola, e eis aqui mais um fato que me faz crer que esses pensamentos têm vida própria, perdi o total controle do meu próprio corpo, e fui levado pelas minhas pernas, controladas pelas lembranças, penso até hoje em como elas me conduziram perfeitamente até um aposento que fiz de biblioteca, pararam exatamente enfrente a um baú, que não mexia a muitos anos, lembro-me que no momento fiquei pasmo com os movimentos realizados pelas minhas reminiscências , mas mesmo que estivesse em controle de mim, acredito que não iria acertar o que viria a encontrar no baú. Após um tempo de raciocínio em frente ao baú, respondendo aos "como's" e "por que's", como que se fosse cronometrado, no momento exato que achei que havia encontrado a resposta, meus braços puseram-se a me revelar o segredo, não o de como as pernas tinham me levado, pois, quanto a isso me geraram mais espanto, mas sobre o que estava dentro do baú que era tão importante no momento, quando abri, não pude ver o que era de fato pela poeira que o cobria, era algo como um livro, passei a mão para tirar a camada de sujeira que estava por cima, vi então que se tratava de um álbum de fotografias, diga-se de passagem, tão antigo quanto o dono. Olhando as fotografias, as lembranças se firmaram, e as revoluções do corpo também, descobri que os órgãos, que achava ainda poder controlar, me traíram, primeiro foi o coração, ao se contrair e aumentar ao mesmo tempo, querendo sair pela boca, e na foto da turma da oitava serie inteira reunida, meus olhos se juntaram ao grupo de rebeldes, deixando escapar uma lagrima, na verdade a primeira das outras que vieram, e tomaram meu rosto da sensação mais indescritível, a ela, a rebelião, aos movimentos, a perda dos sentidos, dei o nome de saudade, e como se não basta-se as fotos e as lembranças encharcando meu peito, ao final do álbum havia uma lista de assinaturas e o telefone de todos, as assinaturas me trouxeram mais recordações, e vendo os números, junto com a saudade , me deu a vontade de tentar numero por numero, até que pude-se encontrar uma voz amigável, e que pergunta-se " tudo bem com você?" ou talvez falasse " há quanto tempo", seria o bastante para provar que ainda sou vivo na memória dessas pessoas, assim como elas são nas minha, mas me faltaram as forças necessárias e um motivo maior, não que o proposto antes fosse fútil, mas era muito egoísta, ligar pelo prazer de descobrir se é importante para uma pessoa, claro que também me importo com como têm passado, mas acho que seria mais uma forma de alimentar meu ego, o fato é que foram os únicos amigos que tive. Tomando o controle do meu corpo novamente, voltei ao sofá e refleti sobre como estariam no momento, se estariam bem, mas acabei da mesma forma não ligando, se pudesse ao menos voltar no momento e refletir sobre a forma que pensei, não teria deixado de ligar, agora vejo que não é pecado algum saber se você foi importante na vida das pessoas que fora importantes para você, e que não seria egoísmo ligar, pois o verdadeiro motivo da ligação estava sobre qualquer tipo de pensamento egoísta, meu motivo era superior, foi o mesmo que me fez chorar, e que me fez perder meu domínio, meu motivo era o mais sincero, era a saudade.

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