Acho que a ultima coisa que a gente presta atenção quando está sentado em uma cadeira de ônibus, olhando pela janela, é na paisagem, surgem pensamentos que você nem sabia que existiam em você, ou que até mesmo você nem achava que os cabiam dentro de uma única pessoa. Nessa volta para casa, depois de um dia um tanto cansativo, meus pensamentos tinham um foco, não eram as paisagens, que eram bonitas, mas em um final de ano, e você em pleno terceiro ano, as paisagens não se tornam tão atrativas quanto os detalhes da formatura, mas também não foi esse o foco de meus pensamentos, eles se baseavam em algo que tomava, já a um tempo, não só os próprios pensamentos, mas meu coração, se você considerou essa passagem brega, ou qualquer coisa semelhante, acho que nunca esteve apaixonado de verdade, e se fores ler para continuar zombando das coisas que me aconteceram, simplesmente digo para que pare, isso não te fortalecerá em nada.
Minha formatura de certa forma me incomodava, mas não se tratando de ansiedade ou dos preparativos, ia mais além, e essa preocupação tinha um nome: Luana. Muitos podem dizer que não deveria ter perdido meu tempo escutando o desenrolar da historia, porém todo tempo e bem gasto quando se tem o desejo de querer revive-lo. Bem boa parte da historia vocês já conhecem, pois foi como um filme, tem sempre um garoto tímido que nunca consegue falar com a garota, isso parece até dar um tom de comédia, mas diferentemente dos filmes, eu não gaguejava ao falar com ela, nós por umas dez vezes passamos o intervalo conversando, foram as melhores conversas, afirmo isso com total certeza, a justificativa e anotar a historia, depois de tantos anos, com a mesma conclusão, mas não escrevo para relembrar, isso seria poder esquecer, escrevo para reviver as emoções. Ela me considerava um amigo, ou um companheiro de conversas, sei que nosso relacionamento era estreito, esse foi o grande desafio, como romper essa barreira? E já no final do ano, era tudo ou nada, mas o tempo foi passando e os dias também, e a idéia permanecia junto com a inércia, por que é tão difícil falar para pessoa que se gosta a verdade? Mas como o tempo não para, a formatura chegou, agora realmente era tudo ou nada, apostei tudo o que podia e o que tinha, fui ao seu encontro na festa, chamei para uma área mais afastada do cerimonial, era um jardim com rosas, orquídeas, tulipas, lembro-me de todos os detalhes, a fontes ao centro com a imagem de um anjo, foi onde sentamos, e conversamos durante 30 minutos sobre assuntos supérfluos e planos para o futuro, depois desse tempo, eu não sei como, encontrei dentro de mim as forças necessárias para dizer:
-Luana, bem... faz tempo que estudamos juntos - minhas mão transpiravam e eu tremia – e...bem ...eu gosto de você! Varias palavras me vieram a mente mas ficaram retidas na garganta, lembro que nos primeiros minutos, olhávamos um nos olhas do outro, foi quando finalmente reparei em seus olhos, azuis lindos como o mar, e tentar descrevê-los com palavras é covardia com a língua portuguesa, que não possui palavras com tamanho significado, depois ela olhou para o chão, um silencio subiu, na hora me arrependi de cada palavra, mas ela se ergueu:
-Rodrigo, também gosto de você – nesse momento meu coração chegou a sair pela boca – mas...vou me mudar para outro pais, e já estava pensando, faz tempo, em como te esquecer, e agora isso!
-Não pense, vamos fazer desse tempo infinito!
Ela segurou em minha mão, limpou uma lágrima que corria sobre seu rosto, aceitou o meu convite, e andamos a madrugada sob a luz do luar, conversando sobre o tem pó perdido, no final do nosso encontro nos beijamos, e foi a primeira vez que desejei uma coisa tão profundamente: Que de fato aquele momento fosse infinito. Mas as horas passaram, e eu não desejaria que passassem de outra forma, ela teve que ir, mas tem algo dela que eu guardo até hoje, é meio estranho confesso, mas elas rasgou uma parte do vestido para me dar, já que não havia nada para deixar-me de lembrança, no meu peito surgiu um turbilhão de sentimentos variados, nos despedimos, e não havia nada a se dizer, o silêncio acabou falando por nós, depois da li nossas vidas se seguiram, e hoje em dia a saudade e eu, freqüentamos o lugar, onde foi a minha descoberta de o que significa verdadeiro amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário